28 abril 2010

fecundidade

Comungo da mesma razão
Das palavras entranhadas
E das mágoas que esqueço
Logo que o teu aceno
Me sucumbe a cólera.

Não escondo a dor dos muros
Sem horizonte,
Nem o sangue das lágrimas
Magentas e purpúreas
Que se desprendem sós

Tanto é o tempo, que sinto oco e órfão
Que nem sei da fecundidade das sílabas
Gerando
As noites urgentes,
Matrizes das nossas bocas
Onde a pele sua
-
Tacteando na frase nua
Escritos que não consigo apagar!


(tela de Olga Sotto)