31 outubro 2008

espero-te










Na solidão do teu beijo
espero...
Espero que no dia em que sentires que eu valho
Venhas preencher o vazio da tua partida

Espero pelo Outono...
e pela chuva do abraço
E no frio do Inverno
vou esperar…
Espero que a geada das tuas mãos quentes
Me agasalhem o rosto...

Espero que venhas naquela noite
Em que o frio...
há-de fazer do meu corpo fogueira
E a lenha do teu amor… há-de arder

Espero que a Primavera
das folhas e flores quentes
Façam calar a tua boca
quando a colares à minha

Espero a tua entrega
sem móbil onde te possas refugiar
Espero que venhas...
para a nossa aventura de Verão
E espero-te…
na solidão!

19 outubro 2008

entardece...



Foi tarde e eu pequena…
Sou pequena quando me inventam
E entardece o que flora em mim
Entardece no descarne
Entardece e eu sou pequena
Entardece a inquietação
Teimoso entardecer que devagarinho…
Mina a luz que encalece
Sou pequena quando me tingem…
De cor de felugem
Que não cola na minha pele
E entardece a boca que não diz
Porque é tarde!

11 outubro 2008

riscos invisíveis


Riscos na areia
Ao acaso
Riscos de dentro
Linhas fúteis e inúteis
Recados de areia e espuma
Onde as gaivotas bicam
As sílabas ondulantes
Riscos…
Que o mar apaga
E leva…sem ninguém ler
Só as gaivotas e o mar…as sabem!


10 outubro 2008

Fantasia do tempo






É ténue a distância da saudade
Dista de tão pouco até aqui.
Fantasia do tempo
Onde a saudade…
Se esmera em compassos lentos
De silencio,
Faz tinir insolentes os dias
Em que a espera penaliza os sentidos.
Doce amargura de futuro,
Espera valorosa,
Onde o tempo da saudade se esgota
E chega até aqui…!

03 outubro 2008

incondicionalmente...











Mesmo que um dia o céu caia
e o infinito for chama branda que desmaia
ouvirei o teu sussurro no meu ouvido
como de lobo, ouvisse o feroz latido
E no pranto que se esgotar no rio
na lama incrédula de um esteiro esguio
farei nascer nenúfares, que serão ponte
tanto importa se for longe o príncipio do horizonte
Mesmo que o sol se afunde no oceano
e as sereias se ajoelhem de dor a um deus profano
sentirei como meus, os recifes de ciume à deriva
e farei de ti, corrente faminta de maré viva
Ouço a tua voz...
Sinto-te...
Faço-te...!

nascer poema


Fere-me com alma o sentir deste poema
Exalta a dor trazida em sufocantes nós
avalanches de um eu, que não sou...
Poema que quer ser incondicionalmente

Querer absurdo, mania de poema
Solta-se, rouba-me os versos e foragido...
percorre as linhas que se desalinhavam
sofrego, com pressa de ser poema.

E eu, presa entre frageis cordeis de espanto
tremendo é o meu medo, de ser poema!
Mas, nas muralhas onde acoitadas
as palavras me escondem...
Alveja ele, certeiro, a pena que o derrama!


02 outubro 2008

beijo de aroma

Os teus cabelos de calmaria
Tem o cheiro a cor de canela.
A tua pele, ela tem o meu cheiro.
Sorvo-te de paladar alheio...
Podia tocar o céu e fugir...
Mas qual galáctica me aceitaria
depois do pecado?
Podia voar num beijo de aroma
E deslizar rendida...
Mas sempre era tardio o tempo,
Para resgatar do fundo do mar
A nesga de amor que lá naufragou.
Mas resgatar o pecado de um beijo de aroma,
Com cheiro de cor de canela
e estender-me nos teus cabelos de calmaria,
sim...!