28 março 2009

a tua chama...

(laura fergunson)

Deita o teu amor na minha cama
Espreguiça-te no sol que já ardeu
Nesta noite onde só a lua (e eu)
sabe o prazer eréctil da tua chama

Deita o teu beijo na minha boca
Quente e sôfrega de luar
Toca as tuas mãos no meu olhar
Deixa que o teu corpo me pense louca

O teu prazer extenuo que entre
Nessa orgíaca madrugada
Penetre fundo como onda alucinada
E deite a tua seiva no meu ventre

21 março 2009

água doce


A água de sal do meu corpo quando te amo

É o teu rio lavado de espuma

Corrente de miosótis e amarilis

As tuas mãos de abelha beija-flor

Rebuçados de carmim e mel

Onde a minha boca desespera

Em gemidos e laivos de ti!

14 março 2009

mutuamente...


Para ti
A minha cor púrpura da vida, deleite de te ter longínquo ou não, o teu toque

De ti
O raiar das estranhas noites onde as sílabas que os meus lábios desenham, rubram no espelho o vácuo da tua imagem

Para ti
Os meus seios de camélias amarelas, e a trova do meu corpo nu

De ti
Rasgo de vontade que te conheço, de segurar os meus cabelos e arrastá-los até onde o meu rosto se possa deitar

Para ti
A génese do amor mais profeta, na linguagem libertina do desejo e da entrega do teu olhar vencido

De ti
Os afectos obscenos que ondeiam a minha libido e o teu sorriso narcísico de perdão, quando me lanças na culpa, fazendo de mim pérfida mas sempre amante

Para ti
Não cesso o sonho de alarmos o cosmos de mãos dadas

De ti
A rendição, sem condição, para que te sorva no ímpeto da madrugada desvirginando o meu ventre

Para ti
O estremecer das palavras que as nossas bocas emudecem!


07 março 2009

alucinadamente

No meu lugar pinga o sangue
em dilúvio do meu delírio
mil palavras lanças, alucinadas
em alfabeto arábico
recortado em pó de areia.
Vem…
Alcança o meu corpo
Sequestrado…
Preso no estio do deserto
quando a miragem da tua sombra
se perdeu de mim e me cegou de luz
Resgata-me…
E com o teu corpo em fúria
Cavalga comigo nas dunas…
Até que se esgote o êxtase

do horizonte...!


(imagem:Gary Kaemmer)